Blue Öyster Cult & Donna Summer
Time to play B-sides at MacArthur Park - Janeiro e fevereiro 2025
Olá, resenhers!
Estou de volta!
Espero que estejam todos bem alimentados, saudáveis, hidratados, com as leituras em dia, pensando e lutando pelo fim da escala 6x1.
Nessa edição, você vai encontrar dois meses condensados em um único post, além de um esquecimento e recomendações legais.
JANEIRO
O disco é 🥁rufem os tambores🥁Fire of Unknown Origin (1981) do Blue Öyster Cult.

Não sei onde exatamente conheci Blue Öyster Cult, mas acho que foi no seriado Todo Mundo Odeia o Chris, que, aliás, foi onde tive contato com muita música boa. A canção que tocava na série era Don’t Fear (The Reaper), no episódio Todo Mundo Odeia Bed-Stuy (T3EP06). No episódio, Chris conta uma mentira sobre um suposto assassino que circula por Bed-Stuy, matando pessoas com uma tesoura. A história, que era uma invenção de Chris — que desejava ter uma boa anedota para escrever no jornal da escola, deixando assim seu legado no anuário escolar —, foi publicada e comunicada à polícia pela senhorita Morello. Os moradores de Bed-Stuy, apavorados, não saíam mais de casa. O senhor Omar, por outro lado, era o único contente com essa situação.
Don’t Fear (The Reaper) foi lançada em 1976, no disco Agents of Fortune, consolidando-se como um dos maiores sucessos da banda. A capa desse álbum é mística, como quase todos da banda, mas talvez um pouco mais que o habitual por mostrar um mágico com um baralho divinatório nas mãos. Nesse post da minha amiga Larissa, e taróloga pessoal, ela explica um pouco sobre a capa. Vale a pena conferir não apenas essa, mas todas as análises fantásticas que ela faz sobre arte e tarô.
Cinco anos depois, em 1981, é lançado Fire of Unknown Origin, o álbum escolhido nesta edição. A faixa que mais me chama a atenção desse disco é Joan Crawford. Amo a dona desse nome, simplesmente uma das mulheres mais belas e talentosas de Hollywood, mas também, ao que tudo indica, uma das mais severas, especialmente com sua filha, Christina. No livro Mommie Dearest, escrito por Christina Crawford, filha adotiva de Joan, a autora retrata a mãe como alguém controladora e maldosa, que maltratava os filhos verbal e fisicamente. Confesso que não li o livro, apesar de estar na minha lista; portanto, esses são apontamentos retirados de informações online.
Na música, o Blue Öyster Cult invoca uma Joan Crawford zumbi, que se levanta de sua tumba para assombrar a filha e quem mais cruzar seu caminho. Apesar do tom macabro, não é uma canção que necessariamente causa medo, mas que te deixa de cabelo em pé. Procurei muito pelo videoclipe da música, mas não encontrei nada além de um trecho no Apple Music. Não sei exatamente porque não está disponível no Youtube, sei apenas que foi banido na MTV na época de seu lançamento por conta de uma suposta cena de uma garota que flagra os pais em um ato obsceno.
A Blue Öyster Cult tem, não apenas por carregar “culto” no nome, mas também pela temática e por suas capas sugestivas, um tom macabro e descontraído, amedrontador e divertido. Tudo ao mesmo tempo, uma coisa meio Scooby-Doo. Para mim, a banda Ghost bebeu dessa fonte; sinto a mesma sensação quando os escuto, além da ideia de uma sociedade misteriosa e assustadora a ser evocada.
O maior hit do álbum foi Burnin’ for You. Compreensível, a música é realmente deliciosa e envolvente. Minhas faixas favoritas são as já citadas Joan Crawford, Burnin’ for You e Don’t Turn Your Back.
A faixa que nomeia o álbum, Fire of Unknown Origin, também está entre as minhas favoritas e foi escrita com Patti Smith, que teve um relacionamento romântico com Allen Lanier, tecladista da banda. Patti contribuiu com muitas outras músicas do Blue Öyster Cult, como The Revenge of Vera Gemini, do álbum Agents of Fortune (1976). Na versão remasterizada do disco Wave, de Smith, sua própria versão de Fire of Unknown Origin foi lançada.
As faixas de Smith e do Blue Öyster Cult são completamente diferentes, mas o solo de teclado chama a atenção em ambas as composições.
Adoro o clima de terror no ar, de algo ao seu encalço, que te vigia e te rodeia, como se fossem seus amigos de um culto ou a criatura cultuada, que esse álbum evoca. Pelo histórico da banda, acho que essa era a intenção desde o começo: mergulhar os ouvintes em uma seita sinistra. O nome Blue Öyster Cult é derivado de uma coletânea de poemas e scripts escrita por Sandy Pearlman, em que o culto em questão é descrito como um grupo de aliens que se reúnem secretamente na Terra e têm o poder de ditar os rumos da história. O símbolo hook-and-cross tem alguns significados no histórico da banda e aparece em todas as suas capas. A versão mais legal é a de que o símbolo alquímico para o chumbo, que é um metal pesado e faz alusão ao heavy metal como estilo musical, é a motivação por trás do logotipo.
A banda teve diversas formações e, por isso, é difícil citar todos os seus membros. Portanto, listo apenas os que estavam no grupo durante a época de Fire of Unknown Origin na foto abaixo.

FEVEREIRO
Um dos escolhidos da vez foi 🥁rufem os tambores🥁 … SEGREDO! No final você vai descobrir o motivo do mistério. Faz sentido, prometo.
Minha memória me diz que Donna Summer também é citada em Todo Mundo Odeia o Chris, mas, ao procurar na internet por essa menção e/ou pela suposta música dela que toca no seriado, não encontrei nada. Então, não sei afirmar se fui enganada pela minha lembrança ou se simplesmente não atuei como uma investigadora exemplar. Guarde essa informação, será importante no final.
Pelo sim, pelo não, sempre quis conhecer mais as músicas de LaDonna Adrian Gaines, nome de batismo de Donna Summer. Esse interesse cresceu especialmente após ver uma influencer que curto cantando Last Dance. Aliás, depois desse episódio, Donna e sua música começaram a aparecer para mim como mágica. Seu álbum Four Seasons of Love (1976) foi recomendado em um site de vendas e me cativou pela capa. Logo depois, em um sebo de discos em Belo Horizonte , encontrei um dos seus, cujo nome não lembro, por um preço bem camarada, 20 ou 25 reais, algo assim. Nesse dia, comprei uns 5 discos diferentes, e o mais caro de todos, meu primeiro Led Zeppelin, In Through the Out Door (1979), veio quase que completamente riscado. Também tenho me interessado em conhecer mais da disco music desde que assisti Vinyl, mas ainda não consegui empreender uma pesquisa aprofundada sobre o estilo.
Donna era estadunidense, nascida em Boston, e cantou na igreja desde muito nova. O sobrenome "Summer" é uma anglicização de "Sommer", sobrenome de seu ex-marido alemão Helmut Sommer, com quem se casou após sua mudança para Munique. Nesse momento de sua trajetória, Donna trabalhou em vários musicais, como o famoso Hair. Em 1975, lança a música Love to Love You Baby, que foi um grande sucesso na Europa. Particularmente, adoro essa canção porque me parece muito simples e muito complexa ao mesmo tempo: a letra é descomplicada e a melodia é extremamente sensual; afinal de contas, tem uma mulher gemendo em um cristalino orgasmo (Axl Rose fez escola para escrever Rocket Queen).
Depois de ouvir o disco que comprei, passei pelo YouTube em busca de outras músicas de Donna e encontrei MacArthur Park, canção que finalmente me coroou como a mais nova fã da rainha da disco. A letra, completamente estranha, sobre um bolo deixado na chuva me cativou pelo insólito da cena e do amor, que também é um sentimento meio esquisito, mas delicioso. A música não é de Donna, mas a sua interpretação é a mais marcante. Também adoro a parte instrumental, que vai de melancolia a animação em poucos segundos, o que eu interpreto como uma espécie de euforia, daquelas que só um coração partido experimenta. Um dos efeitos da faixa me lembra muito a trilha sonora de Suspiria, composta pela banda italiana Goblin. Escrevo este texto às 00:54h de uma madrugada de domingo, o último de março de 2025. Coloquei o tema principal de Suspiria para ouvir, só para conferir o tal efeito que me é impossível descrever em palavras, mas logo troquei de música, porque poucas coisas me amedrontam enquanto fascinam como as trilhas dos filmes de terror italianos (qualquer dia preciso escrever sobre isso).
Em 1979, Donna lança o disco Bad Girls, um dos seus maiores sucessos. Não faço ideia de como foi a recepção dessa música no final dos anos 70; imagino que escandalosa, afinal de contas, Donna cantava sobre uma prostituta. Hoje, essa canção me passa uma sensação de poder e autonomia, assim como Hot Stuff, outro sucesso do mesmo disco. Aliás, Donna Summer foi provavelmente muito escandalosa para sua época: uma mulher negra, nos anos 70, que cantava sobre sexo e amor o tempo todo.
Bad Girls e Hot Stuff fazem eu me sentir capaz de construir uma casa, seduzir homens e usá-los a meu bel prazer, carpir um quintal no sol de 40 graus, escalar o Himalaia e atravessar o Pacífico a nado. Isso tudo me lembrou essa playlist da minha já citada amiga Larissa.
Agora são 1:15, já se passaram alguns minutos desde que citei o horário pela última vez. Fui ao meu quarto procurar o LP de Donna Summer que supostamente comprei no sebo e descobri que jamais comprei um disco dela. Na verdade, comprei um disco da Diana Ross, To Love Again (1981), essa sim, citada em Todo Mundo Odeia o Chris (Rochelle era fã). Agora você me pergunta, e eu também me pergunto: você não tinha escutado o disco Victória Haydée? Eu tinha, mas eu jurava de pé junto que era da Donna Summer e por isso fiquei pesquisando mais músicas dela na internet. É, nossa memória engana mesmo.
⭐recomendações que ninguém pediu⭐ (JAN/FEV - 2025)
❤️ Lucifer I (2015) da Lucifer
Também me sinto em um culto, mas em um culto realmente sinistro, como o culto da banda Coven.
❤️ Thunder and Lightning (1983) do Thin Lizzy
Além dos covers do Metallica, me parece haver mais referências, como o próprio Ride the Lightning; até a capa lembra.
❤️ O disco novo da Lady Gaga, Mayhem (2025), apareceu entre janeiro e fevereiro porque eu acessei os registros para a montagem nesse período, mas ele foi lançado apenas no dia 07 de março. Confesso que amei a estética (a dark Gaga é muito glamour) e gostei da maioria das músicas. Também adorei os videoclipes de Disease e Abracadabra. A Gaga combina muito bem com essa figura tresloucada e demoníaca invocada em ambos os clipes. Essa é a recomendação, portanto: ouça Mayhem e veja esse ASMR da Gaga.
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