Esses são os discos mais ouvidos do mês de novembro nesse bat-canal, segundo o Spotify.
O escolhido da vez foi 🥁 rufem os tambores 🥁 The Head on the Door (1985) do The Cure.

O The Cure é, provavelmente, uma das bandas mais longevas e populares do post punk/gótico. Robert Smith, vocalista e guitarrista, fundou o grupo na Inglaterra e atravessou as décadas que o separam do seu primeiro disco, Three Imaginary Boys de 1979, até os dias atuais, como frontman do grupo. O The Cure é bastante soturno e depressivo, seja pelas melodias pesadas ou pelas letras filosóficas, mas seus hits mais populares são músicas mais “pop” como Boys Don’t Cry, In Between Days e Friday I’m in Love.
Não sei exatamente quando conheci a banda, mas acho que foi através de um namoradinho da adolescência. Confesso que odiava a Boys Don’t Cry, mas hoje em dia acho lindo o eu lírico de um homem adulto agindo como uma criança autocentrada após meter os pés pelas mãos. Aliás, você já viu a música Boys Don’t Cry da Anitta? Como o clipe é repleto de referências aos anos 80, acredito que ela tentou fazer uma piadinha com a letra do The Cure. Vale a pena conferir.

O álbum que vou comentar hoje, o The Head on the Door é um disco com uma pegada mais pop e “animada”, por assim dizer, se comparado com discos anteriores, como os excelentes Seventeen Seconds (1980), Faith (1981) e Pornograhy (1982) que eram totalmente pesados e melancólicos. Essa mudança preservou a qualidade e identidade do The Cure, o que é interesante já que o que acontecia antes do The Head é perceptivelmente diferente. Naquele momento, a banda passava por momentos difíceis e visualizava um possível final, mas foi a reinvenção da fórmula musical que os salvou.
O The Head on the Door é o provável responsável pela longevidade do The Cure e apresenta faixas como The Blood, que se assemelha à música flamenca, e Kyoto Song que tem uma pegada oriental e “david bowiana”.

Outras músicas do disco como In Between Days e Close to Me, são divertidas e marcantes e tiveram os videoclipes dirigidos por Tim Pope. Para dar esse efeito que você vê no gif acima no clipe de In Between Days, a câmera foi amarrada por cabos ao teto do estúdio, de maneira que ficasse suspensa. Assim, Robert Smith conseguia empurrar a câmera que balançava e voltava até ele. Sob outra perspectiva, a câmera ainda suspensa por cabos, é acoplada no braço do violão e guiada em movimentos rotativos pelo diretor criando uma perspectiva visual bastante particular1. Particularmente, acho que o visual caótico do clipe combina bastante com a música, já que embora a melodia seja dançante, a letra fala sobre o que fazer entre os dias da juventude, da velhice e dos corações partidos.
A minha música favorita desse álbum, quiçá de todo trabalho do The Cure, é A Night Like This. O clima de desespero noturno, a letra triste e aflita, o baixo pesado e o saxofone choroso depois do segundo refrão é a mais pura melancolia dançante dos góticos.
Entre todas as coisas que eu amo na música gótica, uma das minhas preferidas é que a letra pode ser a mais triste já escrita na história da humanidade, mas ainda assim a melodia chacoalha seu esqueleto. O The Cure faz isso com excelência e simpatia. No mais, escute os trabalhos da banda e mostre uma foto atual do Robert Smith - aos 63 anos de idade, com o cabelo desgrenhado e sombra preta nos olhos - para sua mãe e diga em alto e bom tom: “Não, não é só uma fase”.

P.s:. Ouvi o Strangeways, Here We Come do The Smiths enquanto escrevia esse texto. Longe de mim querer fomentar a famosa rivalidade entre Morrisey e Robert Smith nos recônditos do meu quarto, mas é que o LP do Strange… chegou hoje, ou seja, não tive muita escolha.
⭐recomendações que ninguém pediu⭐
Entre os demais álbuns mais ouvidos em novembro estão:
❤️ Midnights (2022) da Taylor Swift
um álbum que para você, assim como eu, tem quase 30 anos, mas sente que tem 18 porque não conquistou nada na vida.
❤️ Persona non Grata (2018) da banda 1983
um disco para os góticos tropicais com um elemento religioso muito interessante (não direi qual, você terá que ouvir).
❤️ First and Last and Always (1985) do The Sisters of Mercy
um álbum para dançar enquanto chora.
❤️ Fósforos de Oxford (1986) da Cabine C
um álbum para celebrar a vida curtíssima dessa banda, que tinha muito caldo para dar, e aprender que o RPM teve um gravadora que faliu no primeiro lançamento.
❤️ Born This Way (2011) da Lady Gaga
um disco para dançar, liberar a vadia que existe em você e admitir que a Lady Gaga é uma das maiores artistas da atualidade.

É isso por hoje, tchau.
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Assista a produção do clipe em THE CURE - The making of the video for 'In Between Days' - Music Box × 1985.
amo essa news! vou escutar 💕
estou fascinada com essa técnica de pendurar câmeras no teto. hehe. feliz natal, vic!