Esses são os discos mais ouvidos do mês de maio/23 nesse bat-canal, segundo o Spotify. Edição atrasada, sorry, mas antes tarde do que mais tarde ainda.
O escolhido da vez foi 🥁 rufem os tambores 🥁 Come An’ Get It (1981) do Whitesnake.
Absolutamente todo mundo que me conhece já ouviu essa história: quando eu era criança passava uma propaganda da SomLivre de um CD chamado Lovy Metal na televisão e uma das faixas era Is this Love, do Whitesnake. Na época, eu não tinha dinheiro para comprar o CD, a internet ainda caminhava a passos lentos e nem computador a gente tinha, portanto aquela propaganda eram segundos valiosos. Não importa em que parte da casa eu estivesse, se eu escutasse a chamada da propaganda, vinha correndo ouvir o trechinho e ver o David Coverdale com aquele cabelão. A cereja do bolo é que na minha cabeça a pessoa que eu via na propaganda era o Coverdale, mas a cena que eu me lembro não tem no clipe de Is This Love. Procurei no Youtube o clipe de todas as músicas de todos os CDS da coletânea Lovy Metal e até agora não encontrei a cena que me lembro haha.
Quando meu tio comprou um computador e colocou internet em casa, a primeira coisa que eu fiz foi tentar encontrar o Lovy Metal online. Até eu descobrir como digitar as palavras, já que meu inglês era de centavos na época, foi um sofrimento. Depois eu precisava aprender como escutar online e eventualmente como baixar para colocar no MP4 azul esverdeado que comprei de uma amiga na escola. No final deu tudo certo, e a minha relação de amor com o Whitesnake permanece intacta até hoje.
Para honrar nossa história, o primeiro disco que eu comprei quando comecei minha coleção foi o Come an' Get It (1981), junto um disco do a-ha, que é uma paixão mais recente. Falei disso AQUI!
Em 1976, o vocalista David Coverdale deixou uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, o Deep Purple e lançou um álbum solo intitulado White Snake (1977). Na sua trajetória com o Deep Purple, Coverdale participou dos icónicos Burn, Stormbringer e Come Taste the Band demonstrando sua potência vocal e a desenvoltura como frontman. No ano seguinte, em 1978, lançou o EP Snakebite e instituiu o Whitesnake, finalmente, como banda.
O disco dessa edição, o Come an’ Get It, é o quarto álbum de estúdio da banda que na época era composta, claro, por Coverdale nos vocais, Micky Moody e Bernie Marsden nas as guitarras, Neil Murray no baixo, Ian Paice na bateria e Jon Lord nos teclados. Paice e Lord também eram ex -membros do Deep Purple, ou seja, não tinha como dar errado. A experiência dos envolvidos construiu um disco excelente além de pronunciar o estilo próximo ao blues, que em certa medida, também era do Deep Purple na fase dos anos 70.
A arte do disco foi criada pelo artista britânico Malcom Horton que chegou até a banda pelo bom e velho esquema do “eu tenho um amigo, que conhece um cara”... Na capa, vemos uma cobra enorme, enrolada sobre si mesma, pronta para dar o bote, dentro de uma espécie de maçã de vidro. A boca aberta da cobra expõe seus dentes e no local onde sua língua repousaria há um desenho que lembra uma vagina. Ou que tudo indica, era essa mesma a intenção de Horton, tanto que na versão de 2007 do álbum esse elemento foi alterado. Na parte de trás do álbum, a maçã de vidro que guardava a serpente se quebrou e o animal desapareceu. Segundo Malcom, a ideia era brincar com a ideia de pecado, Adão e Eva e a maça, já que o nome do álbum sou como uma provocação. A maça quebrada simbolizava que o desejo venceu quem, ou o que, o tentava limitar.
E por falar nisso, rolava uma história de que Coverdale disse que whitesnake era uma referência ao seu pênis. Aparentemente, ele disse isso mesmo, mas era uma brincadeira. Whitesnake não passa do nome de uma de suas músicas do primeiro álbum após a saída do Deep Purple. De qualquer forma, Come An’ Get It é um álbum muito sensual. As letras oscilam entre um convite sexual e a desilusão amorosa na toada de linhas de baixo pronunciadas e solos de teclado. Essa malícia sempre acompanhou a banda por conta da figura do Coverdale que mistura muito bem a luxúria e o romance.
Conforme a banda se aprofundou nos anos 80, a sonoridade mudou bastante. Para mim, que sou terrivelmente fã da fase Is This Love, só melhorou. Algumas músicas da fase mais clássica da banda foram regravadas como Crying in The Rain, Here I Go Again e Looking for Love e sinceramente, não consigo escolher minha versão favorita. E porque deveria, não é mesmo? Os próximos anos foram gloriosos e enlaçaram Steve Vai e Tawny Kitaen para o Whitesnake. Essa história é boa, mas fica para outro dia. Ver o Whitesnake ao vivo em 2019 e cantar Is This Love com a multidão, foi sem sombra de dúvidas um dos dias mais emocionantes da minha vida.
Na Inglaterra, sua terra natal, a banda conquistou muitos fãs e figurou nas paradas musicais da época. No Brasil, o público teve seu primeiro contato com o Whitesnake na edição histórica de 1985 do Rock In Rio já que a banda foi convocada para substituir o Def Leppard que cancelou sua participação devido ao acidente sofrido pelo baterista Rick Allen.
Flesh & Blood é o último disco da banda e foi lançado em 2019. Coverdale anunciou que pretendia se aposentar dos palcos em 2020, após finalizada a turnê do novo disco, já que uma artrite degenerativa e a idade comprometiam sua performance. Atualmente o músico tem 71 anos de idade e 45 anos de Whitesnake.
Em seu último show, no festival francês Hellfest em 2022, a banda encerrou com Still of the Night e tocou com o antigo companheiro de palcos Steve Vai.
Para finalizar, quero recomendar um dos sites mais legais sobre música e moda que habitam a internet, o Repete Roupa. Segue o Instagram também. Coisa fina.
⭐recomendações que ninguém pediu⭐
❤️Hotel California (1976) do Eagles
Tem um garoto novo na cidade que fará check-in no Hotel California e ficará preso para sempre.
❤️Force It (1975) do UFO
Um albúm de primeira com uma capa maneira.
❤️Appetite for Destruction (1987) do Guns N’ Roses
Se você foi um adolescente roqueiro e não curtiu muito esse aqui, algo de errado não está certo.
❤️Independência (1987) do Capital Inicial
Devia ser bom ser adolescente nessa época, né? Sempre me pego pensando sobre.
❤️Ancient Dreams in a Modern Land (2021) da Marina
Deve ser difícil carregar toda militância da música pop atual nas costas.
É isso por hoje, tchau.
✨ Leia também minhas outras publicações na Querido Clássico e na cidade do pé junto! ✨
Para surpresa de zero pessoas, meu último texto na Querido Clássico foi sobre o a-ha! Sem dúvidas, foi um dos textos que eu mais amei construir. Se quiser ler, é só clicar!
Entrei na onda dos podcasters e estou tentando produzir algo haha
Aviso de antemão que esse é um conteúdo totalmente inútil para você passar um tempinho ouvindo as vozes da minha cabeça, ok?
E por falar em podcast, to pensando em talvez, quem sabe, criar um para resenhas que ninguém pediu. A ideia, basicamente, é falar sobre música como falo aqui de maneira que seja um conteúdo complementar aos textos. Será que vem aí? Não sei. Por enquanto quero saber se você ouviria.
💰reclames do plimplim💰
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Esse album (e mais alguns da banda) também consegui pescar em LP na época que o pessoal desdenhava o vinil. 🙏
Nem o Coverdale aguentou o Deep Purple haha Infelizmente todas essas bandas de cabeludos são pouco valorizadas, mas ninguém resiste um Is This Love xonado!